sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

CONFISSÃO






tudo o que não cabe em mim
flutua
dilata-se 
e me delata
sem tímidos receios
e nenhum veto
a esse amor
repentino
atemporal
que me enlaça 
me prende
aflorando-me os seios
em arrepios
que me surpreende 
e me provoca 
a delícia imensurável
de delicado cio
por que é assim que eu amo
meu amor,
florescendo de véspera!...
 
Maria Lucia (Centelha)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O POEMA


...concebido no imprevisto do ato
copula com o inimaginável
acrisola-se...

plasma de emotividade
gestado no líquido amniótico
dos credos e dos ritos
esboço do vir-a-ser...

por não existir dou-lhe identidade
e me esvazio de sangue
e do momento...

rompa-se o véu, nascituro sem céu
regurgite um grito de encantamento...
 
Maria Lucia (Centelha)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

TUA VINDA


gosto assim quando vens
trazendo-me ternura a mesma
que recolhes pelas frestas
desse casulo que perfuras
com sofreguidão
pela mesma razão
partejo um verso para ti 
doçura antálgica
contra a lâmina fina dos dias
para que o teu sorriso aflore
ao nosso cúmplice roçar de palavras
como se fossem nossas peles
como se fossem nossos lábios.


Maria Lucia ( Centelha)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

OUTONO INTERIOR

 


profano, reluzente de simplicidade
sente arder nas entranhas
convite ao amor 
ao menor sinal 
de um outono interior
a fruta madura 
que ainda não foi colhida
pede degustação a pretexto
de quem morre à mingua
saliva a boca de vontades
aguça ainda mais a língua 
pra engolir a seiva esvaída.

Maria Lucia (Centelha) 


Comentário poético do leitor e amigo José Carlos Sant Anna 

Dizes profano,
e um horizonte se abre
desde as entranhas
e, ao chegar à corola,
fruta madura,
desejo litúrgico
e verbos implícitos
desse gozo rústico

No fim de tudo,
um beijo místico.

José Carlos Sant Anna  


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

VERSOS DE AMOR



rasguei o verbo
sangrei uns versos  
os que eu supusera poesia 
bordada em seda pura
mera alegoria...

desalinhados que eram atirei-os 
em uma vala comum
recolher os seus ossos
não me dou trabalho algum...

ilesos, ardentes, intocáveis
bálsamo para a minha cura 
estes, carrego comigo
no útero, onde lhes dou abrigo
por que é de amor que eles falam. 

Maria Lucia (Centelha) 
 


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

É PAIXÃO

 




     Imagem do Pinterest



é vã qualquer tentativa de apagar
a chama que acendeste
a partir de uma faísca
dos beijos (sem pausas)
cravados num verso
úmido de desejo!...

... desde então, essa coisa insana
volúpia que eu bebo em pequenas doses
no dia da tua presença
é o suprimento que me põe de  quatro
que me revira os olhos
loucura que nada sana...

Maria Lucia (Centelha) 



    Imagem do Pinterest 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

POEMA É...


 











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...o que o seu coração pulsa

em secreto

em moldura de silêncios...

 

é a lágrima súbita

interdita

atrás da pálpebra arriada...


é no seu olhar brilhante

uma prosa em desconsolo

mais que os lábios...


Aí ...você lavra tudo isso

em versos à flor da pele

e atrai  beija-flores

amantes das palavras....


sua imaginação vertida em letras 

é só pra desanuviar o instante

e apaziguar a alma....


Maria Lucia (Centelha) 


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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

EU TE QUERO AGORA

uma ousadia nosso encontro
tão fora de hora
traçado o destino
nos cerca o desatino

entrevejo a tua boca
a minha, semelhante
sussurrante e úmida

se já me adivinhava
por que tardava tanto
ave incontida?

tua índole apaixonada
agita teu corpo e a minha pele
erógena , ouriça...

desfaço-me nas palavras
genuína paixão, embora
a ela alguma resistência...

que se dane a consequência
eu te quero já
agora!


Maria Lucia (Centelha)