segunda-feira, 28 de março de 2022

DAS TUAS PALAVRAS

 



das tuas palavras eu gosto
daquela sintonia fina
que te liga a essência da escrita
através de infinita metáfora
que a intuição clareia...
bebo com sofreguidão
cada vírgula ou reticência
um riso aqui e ali
que me cai em penca de beijos
à boca cheia...

por tudo isso
o meu mais simplório poema
se auto cultua
cada verso se leveda quando
carinhosamente, um a um
o teu olhar permeia...

Maria Lucia (Centelha)

quinta-feira, 24 de março de 2022

TEU NOME


toda vez que uma palavra 
e outra, me trespassa 
uma chama entorna-se 
por detrás do ventre
pra gestar um poema
ainda, submerso...

e se alguma indiscreta rima 
tentar soletrar o teu nome
amordaço-lhe o impulso
 e faço isso que vês:
- lavro-me em versos!!


Maria Lucia ( Centelha ) 

 
 

domingo, 20 de março de 2022

PREMÊNCIA

 



há um desassossego que “mata” 
nessa espera enquanto
absurda ansiedade de palavras
se amotinam 
na pupila 
e outro tanto
na ponta dos dedos 
no teclado
pra dar vazão 
a este surreal oceano de carência...

se pra desafogar 
essa agonia
for preciso apelar 
um strip-tease textual
haverá de destilar 
essa premência...

Maria Lucia (Centelha) 
 


quarta-feira, 16 de março de 2022

IMAGINAÇÃO



amo te pensar céu e abismo
chuva caindo mansa
na tarde que se põe
                    sem endereço...

te imaginar rio caudaloso
fingindo ser eu, 
a dona da correnteza
e aí,  não posso evitar
que todo o meu ser 
se enverede junto
sem rumo, como o vento
sem final e sem começo...

essa imaginação é um fio tênue
que não posso esticar
uma ponta enlaçada 
nos meus versos a outra, 
                    no teu olhar.

Maria Lucia (Centelha)

domingo, 13 de março de 2022

SEDE




O ritmo pode ser célere ou lento
tudo mergulha no efêmero
ou no eterno...

tempo, passa por mim, indulgente
suave, às vezes, 
e quase sempre me esbarra forte
pra me desfolhar...

não me rendo
acaricio invisíveis cicatrizes
com benevolência bendizendo-as 
derradeira catarse
ao fim de tudo 
converto os dias em dádivas
e sede para bebê-las

Maria Lucia (Centelha)

quarta-feira, 9 de março de 2022

CORPO E ALMA





- nunca mais!... Jurava!
Suas teses, certezas
da vida tudo quanto pensa
seus pudores
convicções sa-cra-men-ta-das...
     des
       p
          e
       n
         c
       a
           m...
e lhe desautorizam a duelar
com a emoção
na dúvida, repensa o desejo
o tesão 
o prazer
a fruição a dois...

fosse para lhe despir a alma, primeiro
não  importava
se lhe desvestisse a pele
depois... 


Maria Lucia (Centelha)

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segunda-feira, 7 de março de 2022

HAVIA MAIS



mais que um bem-te-vi inesperado
a provocar atenção havia 
um sussurro : "estás viva, acorda"! ...

mais que um dulcíssimo beija-flor 
a devolver os néctares sugados 
havia choque sútil, respiração...

mas, conquanto se insinue 
lanhos de amargura e uma leve nostalgia 
há mais amanhecer e o despertar
que o espremido suco do desencanto

Maria Lucia (Centelha) 

 

sexta-feira, 4 de março de 2022

DELÍCIA BREVE





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a minha asa
é forjada no cadinho de dentro 
entremeada de ânsias e espera
imaginação e vontades
para um voejar amoroso...  

a dele,  
tecida com o fio luminoso da palavra,
lavra a sua escrita livre
para uma poesia que se inflama 
e geme ao escorrer 
devagarinho na minha pele 
em chamas...

o nosso voo, é delícia breve
tão fugaz quanto 
um gozo que se derrama...

Maria Lucia ( Centelha)


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quarta-feira, 2 de março de 2022

SEGREDO

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a mão fincada no peito
denuncia o descompasso
desse movimento sem cura
que a palma sustém
ímpeto 
que pulsa segredos ...

na tremura os rastros
dentro de mim
ficam visíveis àquele
que ainda não sabe ler
sinais enviados
código silencioso inserto
nos rabiscos dessa
que vive e morre
na frequência do amor



Maria Lucia (Centelha)

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