sábado, 27 de agosto de 2022

TUDO PASSA

 


Tudo passa

nesse mundo!...

Qual pássaro 

no voejar fugaz do segundo

fugidio haicai 

na neblina do céu 

ao fundo.


Maria Lucia ( Centelha)

domingo, 21 de agosto de 2022

TEMPO VAZADO

 



o aguaceiro intermitente 
resvala sobre o telhado
e paredes fraturadas por idade 
longos fios cintilantes
e para além da vidraça 
embaçada de memórias
um olhar tresnoitado 
desenha em gotas imagens e vultos 
que a chuva copiosa vai dissipando
com a mesma precisão
que o tempo talhou
a sua ident_idade.


Maria Lucia (Centelha)  







quinta-feira, 18 de agosto de 2022

SUA VINDA

 



Venha, se puder
no murmurinho da tarde
quando ela se deita
no leito azul-marinho 
do horizonte
se desejar, 
venha em noite alta 
em segredo
como gosta
eu tenho o gosto
se estiver 
sedento neste instante
venha
sob essa chuva
que se derrama lenta
nessa madrugada 
secretíssima 
para amantes.

Maria Lucia (Centelha)


domingo, 14 de agosto de 2022

VERSOS PIRILAMPOS


afrouxadas as amarras
eu quero o espaço que mitigue
essa ânsia de voar...
 
como por encanto
palavras emergem
e me caem em pencas...

uma aragem repentina
de algum recanto
evolam versos pirilampos
para a luminosidade
 de uma tela que os abrigue

que alegria!...
os  pássaros cantam
é  primavera?

Maria Lucia ( Centelha ) 


domingo, 7 de agosto de 2022

REVIVER


um adeus repentino
no bordado das palavras
são alinhavos soltos 
do que restou da loucura 
daquele "caso" torto...

por trás da fresta 
como consolo
estanca o choro...
 
um bisturi que fere 
é o mesmo 
que esparge a cura 
e liberta a vida 
ao que parecia 
morto.


Maria Lucia (Centelha)



 

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

SOBRE AMAR





o destino se um houver
não me trouxe aquele
que faria nascer o amor para
que eu pudesse transcender
gotejada de poesia...


truncada a intenção 
da semente concebida
na latência do imaginário 
impede a delícia
de uma fruição, mas 
sem qualquer pudor
de amar não "abro mão"


Maria Lucia (Centelha) 





segunda-feira, 1 de agosto de 2022

EXPLICAR O AMOR






... é como tentar 
explicar o  porquê 
da correnteza de um rio  
entre as duas margens
abraço sem prisão e o porquê 
a tarde tem mais beleza
na penumbra do final do dia  
entre o pôr do sol
e a argêntea lua...


explicar 
esse querer estar
quando não devia
pra fecundar tão bom 
envolvimento de prazer 
e encantamento em hora
fugidia, ainda, que breve 
pra depois, ir-se embora
e desaparecer 
no fim da rua...


Maria Lucia (Centelha )