UMA TAL POESIA

repara...

o sopro é leve esse 

que lhe roça a tez

vem do nada

de lugar improvável

se insinua 

pelos poros

pelo olhar

se ajusta à intimidade

de sua nudez

de tal modo

uma segunda pele

a profusão que ilumina

a sua linguagem

é faísca rabiscada

abrasa o que toca

clareando a retina....

Maria Lucia ( Centelha)

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ZONA DE CONFORTO

 

No silêncio que fazes

estou presente

me percebes pairando

em torno de ti

no modo oculto...

meu nome

na ponta do teu dedo

meu sorriso em tua mão

e no teu peito acelerado

a dúvida...

a fuga 

sei que preferes, ainda

pra essa tua solidão amarrotada

insensível pro amor

quase morto...

sossega-te, porque

já desarrumei o estabelecido

nessa "zona de conforto"

em que tu, ainda, teimas

em se demorar ....

Maria Lucia (Centelha)

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POEMA

Oh, poema prematuro

nascido do ventre do silêncio

concebido nas ardências 

do barro do cotidiano, 

não resvale!….

espere os olhos, a alma, o assombro

o arrepio por provocar, ainda, 

pois, que sem o mergulho 

no humano o seu verso 

nada vale!...

Maria Lucia (Centelha) 

 

APENAS COM AS PALAVRAS

Desembaralha
meus pensamentos
estimula a mente 
a imaginar
pra lembrar 
a intenção dos sentidos
desperta vontades
invoca o ímpeto
da corrente sanguínea
ao toque dos dedos
poema a minha pele
aquecida por caricias
e tu o fazes, apenas
com as palavras
garimpadas
nas jazidas de ti
para os meus ouvidos...

Maria Lucia (Centelha )

VIAGEM AMANTE

Entre o teu olhar 

e o meu sorriso
os beijos fluem
sem limites

               não se perdem

            não se dissolvem escorrem

em nós 

navegantes

no rio dos instantes

desde

a nascente, doce viagem 

amante...

Maria Lucia (Centelha) 

TEMPORAL PODER

               Pintura à oleo. Autor: Paulrommer 

Esses dias me estrangulam.

Não creio (im)possível ao desamor abafar

esse urro demente à minha frente…

Uma teia!!

a loucura se agiganta

e entorna aberrações

 

de seres concebidos 

na forma humana.

O orbe se sacode e se incendeia.

Por ora, não vejo um aceno de luz 

no mistério entre deus e o diabo

que me aponte uma palavra ponte

que não me desaponte

nessa conexão de in-versos

irracional nó entre nós

de um duelo milenar - o Bem e o Mal.

Estou do outro lado

a me situar em nau perdida

ao desamparo.

Observo o poder temporal e vil

por sobre esses riscos desiguais

do mapa múndi,

onde se desenha o meu Brasil.

Maria Lucia (Centelha ) 

BRASIL, O FOCO DO MOMENTO.

 Tenho estado distante da Blogosfera, postagens espaçadas,  visitas escassas. 

O foco no momento, é o meu Brasil em convulsão política, a qual faz "adormecer" o ímpeto de escrever e interagir, para dar lugar a imensa preocupação com os destinos da minha amada Pátria. 

Assim , que puder , venho para apreciar e comentar as publicações dos amigos. 

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LÍRICO

descobridora vou sendo

de um lirismo perdido

nos olhos

nos gestos

numa gota de chuva

um eclipse da lua

na grandeza

das pequeninas coisas

a beleza nua

das palavras escassas

entre a imensidão

da escrita e a profundidade

do olhar

semelhante ao haikai

que entorna o verso

e logo vai...

Maria Lucia (Centelha)

ESTÍMULO

 

cavalga na contemplação 

de um corpo nu à sua frente 

vestindo-o  

com imaginação lasciva
numa linguagem corporal
que açula fantasias
sem perder de vista a doçura
sem esmaecer
o cristalino dos olhos
a delicadeza do toque, contudo

não disfarça a sofreguidão
que entontece a carne

em furiosos meneios... 

do impulso da língua
que molha o lábio faminto
explode o curto- circuito 

desse estímulo

sem trégua
até que se complete e cesse

vadios anseios...

Maria Lucia (Centelha)

UM RAIO DE SOL

 

A nuvem é densa sob a pálpebra

denúncia da torrente

que ameaça desabar

onde havia o anil

o sol

a lua

o brilho estelar

um vento 

de invernia sopra

de norte a sul

simulacro de alento e brisa

debaixo da pele, incisa

talvez, até, 

venha a desanuviar

sem palavras que gotejem

resignado, breve e conciso

um raio de sol

no olhar… 

Maria Lucia (Centelha) 

A ALMA DO VINHO

 

Insinua-se uma oferenda

na taça rubra 
que me ofereces aos lábios...

borbulha 

em sua ânfora envelhecida 
a alma do vinho, 
a evolar-se
ao toque das nossas línguas 

da sua essência

primitivo segredo
embriagamo-nos 
contudo, 
mantém-se, intacto
o inacessível vinhedo...

Maria Lucia (Centelha )

🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟

Agradeço aos amigos que estiveram no blog durante a minha ausência. Gratidão mesmo.

Na verdade a pausa se deu devido a eleição presidencial em meu Brasil, que "roubou" todo o meu foco pra escrita e interação nos blogs amigos. 

Beijo carinhoso. 

Agradeço 

PAUSA DE POUCOS DIAS

 

A POESIA SUA

A primeira vez que eu li

uma poesia sua

foi na sua face

de mistério e chamas

        _e a imaginação

  sem regras ou rima

a matéria-prima

que teceu pra mim

          _o laço aceso

      que me inflama.

Maria Lucia (Centelha)

SUA MÚSICA

                 Arquivo pessoal da autora 

nada é tão bem-vindo quanto

essa música, carícia

que a cadência do vento traz

roçando os sentidos 

espelhada 

na voracidade das palavras

desafia o tempo

corta a distância

sumo doce capaz 

de se fazer 

meu sonoro suprimento.

então, eu rogo: 

- não cesse de soar

aos meus ouvidos!

Maria Lucia (Centelha)

SOLITUDE

 

no prelúdio da manhã
viaja em silencio interior
sua voluntária reclusão
completa é a sua quietude 
não há estopim 

que lhe deflague explosão

de lhe arrancar do eixo

de provocar assombro

de incendiar seu corpo

tudo suspenso, por ora...

verbetes de fogo

uma poesia airada

cruzaram os espaços

para a trilha onde havia

um desejo camuflado

e se precipita nessa ilha

onde a antiga solitude

não encontra mais lugar...

Maria Lucia (Centelha) 

INSTINTO

ao lado, rente ao meu olhar

um corpo incasto e nu 

madruga despido de urgências

lânguido de "alegrias"

a uma distância
que não se mede
observo e aspiro
a pele maculada
desejos soltos

desses que alucinam...

ao sugar a fonte
enquanto me bebia

puro instinto

contudo

quanto crê que me domina 
nada sabe 
do que eu sinto...


Maria Lucia (Centelha)

O LOBO E A FERA

dos lábios aos quadris 

dos olhos às pernas

na pélvis o pouso do olhar 

mais demorado...

o lobo, faminto 
flameja volúpias
mira a presa e saliva
o próprio instinto...

mas, espera 
intui que há ali  
uma propensão ao gozo
hesita entre avançar ou fugir
dessa tentadora fera...

Maria Lucia ( Centelha)

O VERBO

o verbo amar passa
e se insinua na pele 

dos meus versos
acaricia as palavras
roça seus significados
e se agarrra a elas
como se fosse hera...

morde seus vocábulos
alicia uma metáfora sem pudor 

que ( pressinto) se entregará a ele...

sinto...  ja se lhe rendeu 

uma emoção se avizinha
gotejante de amor

porque antes de mais nada

todo esse enredo 

sou eu ! 

Maria Lucia ( Centelha)

OLHAR DE UM POETA

Foi o brilho do sol
qual uma manhã fresca
sobre a minha indigência
poesia sem escárnio
de liberdade 
para o próximo ato
o assombro que me fez cessar 
a costura
em meus remendos
minha sina
meu escombro
a rega mansa e discreta
em minhas sementes 
na alma
tudo o que encontrei 
nesse teu olhar 
profundo
e instigante de poeta!

Maria Lucia (Centelha)

MAREJAR

 

veio de repente

sem disfarce 

qual chuva caindo

ao findar do dia 

a marejar 

navegante 

sobre minha pele 

tempo o bastante

de misturar-se 

nesse enredo

e me permear 

como poesia...

Maria Lucia (Centelha)